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Geriatria na Holanda

A Holanda ocupa, entre os países desenvolvidos, um dos primeiros lugares no ranking de prestação de cuidados a longo prazo. No entanto, é um país que tem vindo a apresentar uma escassez de profissionais de saúde notória e a Covid-19 teve, e continua a ter, um grande impacto a esse nível. Por consequência, existem diversas oportunidades de carreira para os Enfermeiros no país Na Holanda, mais de 18% da população tem mais de 65 anos. Por se tratar de uma população de risco, é necessário, por vezes, uma assistência médica especializada e personalizada a cada pessoa. Até aqui, nada de novo! O que é, talvez para muitos, algo surpreendente é a qualidade dos lares e do apoio domiciliário na Holanda e a boa relação que as pessoas têm com estes serviços. Para os holandeses, os lares são excelentes instituições onde as pessoas se sentem bem e confortáveis enquanto recebem os cuidados de que necessitam (quando os necessitam!). Ademais, a cultura holandesa prima pelos cuidados formais, o que significa que os holandeses recorrem a profissionais especializados quando necessitam de cuidados médicos. 

Neste blog, explicaremos por que razão as residências e o apoio domiciliar são tão populares na Holanda. 

Estima-se que a percentagem de pessoas com mais de 65 anos aumente de 18% para 26% em 2040. Devido ao envelhecimento crescente da população holandesa prevê-se que o número de pessoas com doenças relacionadas com o envelhecimento aumente nas próximas décadas. Entre outas patologias encontramos a demência, a diabetes, os problemas de visão e de audição. Por esta razão, o setor da saúde prevê contratar um número elevado de profissionais de saúde para dar resposta a estas necessidades. 

Todos os anos, aproximadamente 600.000 pessoas fazem uso dos serviços de apoio domiciliário. O sistema de saúde holandês é financiado pela segurança social e por companhias de seguros de saúde. Qualquer pessoa que precise constantemente de cuidados tem direito aos mesmos. Existem também residências para pessoas com necessidades de cuidado de alto nível, como idosos vulneráveis ou pessoas portadoras de deficiências físicas ou perturbações mentais graves. Nestes casos, o paciente é avaliado de acordo com a Lei dos Cuidados Crónicos (Wet langdurige zorg – WLZ). Estas são algumas razões pelas quais existe uma procura elevada de profissionais de saúde para o cuidado ao idoso. 

Apoio domiciliário: o papel de um Enfermeiro 

A Enfermeira Helena trabalha em apoio domiciliário e, na nossa página do Instagram, podes assistir a um vídeo onde ela nos mostra como é a sua rotina num dia de trabalho.  

Apoio domiciliário. A palavra pode explicar o significado: caracteriza-se pela prestação de cuidados ao paciente na sua própria casa. Se a pessoa não precisar de ser hospitalizada, mas ainda assim precisar de cuidados médicos de longo prazo ou temporários, pode solicitar receber apoio domiciliário, chamado Thuiszorg. 

Por exemplo, quando nasce um be, os pais recebem o serviço prestado por uma enfermeira que auxilia nos cuidados em casa (kraamzorg), num total de 80h de kraamzorg. Os custos deste serviço são suportados pelo seguro de saúde. 

Existe toda uma enorme variedade de serviços dentro do apoio ao domicílio. Por exemplo, se o paciente não puder ir ao cabeleireiro por alguma limitação que tenha, o apoio domiciliário providenciará um ao domicílio. Além disso, os idosos e pessoas portadores de deficiências físicas ou de perturbações mentais são elegíveis para assistência de longo prazo em casa. 

O governo holandês quer que seus cidadãos vivam o máximo possível em casa e este é também o desejo dos mesmos. Por esta razão, é comum os idosos receberem cuidados domiciliários. Quando são necessários cuidados 24 horas por dia, 7 dias por semana, o idoso tem direito a um lugar numa residência ou lar. 

Estas instituições holandesas são projetadas para atender às necessidades e aos desejos de cada pessoa. Isto significa que não só os cuidados de saúde são personalizados como também as casas o são, respeitando os gostos, os ideais e até a decoração dos seus moradores. 

Formal vs informal care   

Pesquisas revelam que a grande maioria dos Enfermeiros na Holanda identifica-se com o apoio integrado e centrado nas pessoas (Maurits et al., 2018). Outras pesquisas indicam que os holandeses avaliam a qualidade do sistema de saúde e sua saúde pessoal como boa (Kroneman et al., 2016).

Os Enfermeiros que trabalham em apoio domiciliário são responsáveis por realizar a avaliação de necessidades formais e por definir quais os serviços de cuidados pessoais e de Enfermagem que os pacientes necessitam, trabalhando em equipa com outros profissionais de saúde. Faz também parte das suas responsabilidades promover o autogestão do paciente.

Tantos os serviços de apoio ao domicílio como as residências e lares para idosos promovem cuidados de elevada qualidade, contribuindo para que o sistema de saúde holandês seja eficaz no seu funcionamento. Não obstante, o crescente envelhecimento da população exige políticas e iniciativas inovadoras, profissionais dedicados, idosos participantes e procedimentos baseados em evidências. O governo holandês reconhece isto e, como tal, continua a apostar nos seus profissionais. Por exemplo, durante a atual pandemia, implementou uma medida de bónus para os profissionais que estiveram em contacto direto no combate à Covid-19. (Dutchnews.nl). 

Fontes: 

Dutchnews.nl (2020). Healthcare workers to get €1,000 tax-free bonus, unions call for structural pay rise. https://www.dutchnews.nl/news/2020/06/healthcare-workers-to-get-e1000-tax-free-bonus-unions-call-for-structural-pay-rise/  

Kroneman, M., Boerma, W., van den Berg, M., Groenewegen, P., de Jong, J., & van Ginneken, E. (2016). Netherlands: health system review.  

Maurits, E. E., de Veer, A. J., Groenewegen, P. P., & Francke, A. L. (2018). Attractiveness of people‐centered and integrated Dutch Home Care: A nationwide survey among nurses. Health & social care in the community, 26(4), e523-e531.  

WHO. (2015). WHO global strategy on people-centered and integrated health services: Interim report. Geneva: World Health Organization.  

  

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